Sunday, April 30, 2006

ele(a)

ele, com a barba por fazer
ela?
com uma vontade de tê-lo eternamente.
com um sentimento de posse fora do comum.

ela acendeu uma vela.
ele, por sua vez, acendeu um cigarro.
ela não existia,
ele também não.

eles se beijaram.
ela caiu na cama, fria...
ele?
suspirou um suspiro lânguido

Wednesday, April 26, 2006

sem rumo

se ao menos o vento tivesse uma direção constante
perderia meu amor no ar
e deixaria ele te levar
aos meus braços.

Tuesday, April 25, 2006

sem cor(ação)

quem?
as cores?
sim, fugiram.
para onde?
não sei....
talvez estejam presas...
em algum lugar,
desconhecido lugar que me desconhece
só conhece as batidas do meu coração
que anda na mão?
não, na mão não...
ele não anda, ele pára.
como um burro que empaca no meio do percurso.
me dá a mão?
(...)
.

Monday, April 24, 2006

baile de(s)mascarados

bota a máscara
tira a máscara
e torna a máscara a esconder
o que tens por dentro
que ninguém pode saber...
(...)

Saturday, April 22, 2006

aquarela

seria a aquarela...conjunto de belas cores belas...?
ou seria a aquarela...tinta sem estar na tela?


pinta um sonho...,
e descolore um verso
(...)

Friday, April 21, 2006

(des)encanto

foi quando eu olhei, mas você não me viu
eu te procurei, mas você se escondeu
eu não desisti, fui até o fim

e eu te digo, digo de uma só vez
que foi você, apenas você, que despertou
mas o encanto acabou...
e o caminho se perdeu naquele olhar
o olhar tão frofundo, tão sincero, que você me negou
e sem ninguém merecer, o encanto acabou

e se eu pergunto se é assim que vai terminar
você me responde sem o não e sem o olhar
será verdade o que existiu?
ou foi só encanto e o encanto acabou?
será um sonho, que eu não consigo mais despertar?
ou será mistério, algo difícil de se desvendar?

mas o encanto acabou...
acabou?
(...)

Tuesday, April 11, 2006

corre?

e o tempo corre.....
corre?
é, corre.
............................e corre.
e a vida passa.....
e passa.
e quando vê...



já foi!

Monday, April 03, 2006

cansaço

ando ca(n)sado com os fatos.
papo furado?!
é, diria até mesmo um tanto tardio.
assim mesmo, com gosto de vento e cheiro de nada.
pois que não mais me apego a porcaria de ato nenhum.
os atos fogem.
os fatos movem.
movem sua mente da maneira mais indubitável.
e diria ainda: o que seriam dos fatos, se antes mesmo não existissem os atos?
retira-se, pois, o prefixo tão estrategicamente posto e deixa-se a dúvida solta no ar.
eis que cansei.
cansei da tão mais que harmonioza delicadeza das pétalas e dedico-me a rijidez do talo e de seus, tão indispensáveis companheiros, espinhos.
eu fico cego, mudo, e surdo.
o único sentido é o banho frio da chuva.
espanta-te o fim?!
o fim ou o atrevimento, o qual sou recheado, de usar as palavras?!
é um caminho para fugir da realidade, meu bem.
sim.
dançar na chuva admira a palidez com que se seca o chão e, por vezes, esquece-se as lágrimas e o tempo.


"[...]há a quem falte o delicado essencial[...]"